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Quina

O quinino foi o remédio primordial no tratamento das febres, do paludismo e da malária, tendo sua virtude febrífuga testada nos hospitais Real e da Misericórdia, vindo a compor a Farmacopeia Geral do Reino, de 1794. As quineiras ou quinquinas são de origem sul-americana, do gênero Cinchona, da família das Rubiáceas (José Mendes Ferrão. A aventura das plantas e os descobrimentos portugueses. Lisboa, IICT, 2005), foram descobertas entre os séculos XVI e XVII, durante a conquista do império Inca pelos espanhóis, na região onde hoje se encontra o Peru, mas só se difundiram na América portuguesa posteriormente. O quinino utilizado era extraído da casca de determinadas espécies de quineiras, nativas do Peru. Entre seus nomes populares consta o “pó de jesuítas”, creditando-se a esses religiosos o envio da planta para as sociedades de dominação lusa, entre 1630 e 1640. Classificada pelo naturalista sueco Carl von Linné em 1742, com a criação do gênero Cinchona, que reunia algumas espécies com características terapêuticas similares, a quina foi um dos produtos naturais mais procurados na época moderna. Em 1820 os químicos franceses Pierre Joseph Pelletier e Joseph Caventou isolaram a quinina pela primeira vez das cascas da árvore e a identificaram como um alcaloide. A exploração da quina foi uma atividade bastante lucrativa, exportada principalmente da América hispânica para a Europa. A aclimatação da quina em Java, promovida pelos holandeses na busca da quebra do monopólio causou o declínio das exportações sul-americanas. Na América portuguesa, a partir de meados do século XVIII, se intensifica o interesse pelas quineiras, com buscas pela planta em meio à mata. Frei Mariano Veloso publicou, pela tipografia do Arco do Cego, a Quinografia portuguesa ou coleção de várias memórias sobre vinte e duas espécies de quinas, tendentes aos seus descobrimentos nos vastos territórios do Brasil  (1799), no qual além de descrever as propriedades medicinais da Cinchona, copiou desenhos e descrições de diferentes espécies de quina, ocupando-se também das falsas quinas, no intuito de facilitar a procura da planta no Brasil. Em 1811 a Academia Real das Ciências de Lisboa formou uma comissão para estudar a quina do Rio de Janeiro. Participaram dessa comissão, entre outros, o médico Bernardino Antônio Gomes e o mineralogista e botânico José Bonifácio de Andrada e Silva. As investigações resultaram em relatórios e memórias, como a Experiências Químicas sobre a quina do Rio de Janeiro comparada com outras”, de 1814. A quina que chegava do Brasil era encaminhada ao presidente do Real Erário, d. Rodrigo de Souza Coutinho, para ser estudada no Real Laboratório Químico da Casa da Moeda de Lisboa, dirigido por José Bonifácio.

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