Propriedade doada por Elias Antônio Lopes, rico comerciante luso-libanês e negociante de escravos, ao príncipe regente d. João, poucos meses depois da chegada da família real ao Rio de Janeiro, era a melhor morada do Rio de Janeiro à época. Em troca do presente, Elias Antônio Lopes obteve inúmeros benefícios, como a nomeação para comendador da Ordem de Cristo, fidalgo da Casa Real e administrador da referida propriedade. Nos séculos XVI e XVII as terras faziam parte de uma grande sesmaria, de propriedade dos jesuítas, e foram desmembradas quando da expulsão da ordem em 1759, e vendidas pelo Estado a particulares. Localizada no bairro de São Cristóvão, a Quinta da Boa Vista contava com uma casa senhorial, sede da fazenda, de aspecto arquitetônico típico do período colonial, erguida em torno de 1803. Como o prédio era considerado pequeno e modesto para abrigar toda a corte portuguesa, foram planejadas reformas para o edifício e as áreas no entorno, secando pântanos para facilitar o acesso ao centro da cidade, preparando os jardins e construindo novos blocos, como a cozinha, nos fundos. O palácio sofreu reformas entre 1816 e 1821, para o casamento de d. Pedro com a princesa Maria Leopoldina da Áustria, com a construção do torreão norte. Entre 1826 e 1831, durante o primeiro reinado, houve novas intervenções que imprimiram o estilo neoclássico ao prédio, que vinha se tornando um palácio suntuoso, ao nível de moradia de um monarca. Outras reformas foram feitas ao longo do reinado de d. Pedro II, nascido no palácio, e merece destaque o grande remodelamento que foi encomendado pelo imperador ao arquiteto e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, que deu ao parque um ar de jardim inglês, com a construção de lagos, alamedas e grutas artificiais. Foi a partir dessa época que, com a abertura de linhas de transporte, a população passou a frequentar os jardins do paço para diversão e passeios. Em 1889, com a proclamação da República, o palácio foi confiscado pelo governo e quase todo o seu conteúdo interior, móveis e objetos, foi leiloado. Entre 1890 e 1891 abrigou a Assembleia Constituinte reunida para elaboração da carta de 1891. Em 1892 foi transformado em sede do Museu Nacional, papel que ocupa até os dias de hoje, mesmo depois do incêndio que quase destruiu toda a edificação e seu acervo em 2018. Nos terrenos da Quinta da Boa Vista fica ainda o Zoológico do Rio de Janeiro (desde os anos 1940).